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Expectativas...

Eu fico triste quando vejo as pessoas dizendo que não vão mais criar expectativas. De verdade, é muito triste ver gente sem expectativa. Pra mim é o mesmo que sem motivação, sem coragem de viver. E viver sem coragem é viver pra dentro. É andar na faixa cinza da vida, é tanto faz, e daí, o que é que tem?

Tudo bem que a ideia ilusória de que tudo vai dar certo é no mínimo utópica. Mas também do que adianta fazer algo se o resultado não terá importância? Eu não faria algo do qual o resultado não me afetasse em nada. Tem que afetar. Seja pra doer ou pra sorrir. O resultado sempre me importou.

Quando você espeta o dedo numa agulha, de propósito, você espera que o dedo fure, que doa, que saia alguma gota de sangue. Quando você massageia um machucado na perna, você espera que a dor passe, que o inchaço diminua. Isso é ter expectativa, é ser normal. Anormal é dizer que tanto faz. É achar que não ter expectativa é uma boa coisa.
Eu costumava dizer que jogava pra perder. Era mentira. Nunca joguei pra perder. Apenas achava que dizendo isso ia ser mais fácil enganar a dor, mas a dor não se engana. É como tomar remédio pra febre e não tratar da inflamação. Por um tempo a febre passa, mas certamente ela vai voltar. E talvez pior.

Não é fácil ter expectativa, mas é preciso. É preciso acreditar em alguma coisa, senão tanto faz tá vivo ou morto. Eu quero tá vivo. Tenho raiva da morte, acho que a gente não se dá muito bem. Hoje eu acordei com a certeza de que ia dar tudo certo. E deu errado. Amanhã vou acordar com a certeza de que vai dar tudo certo. Mas amanhã é outro dia.