Não é o que acontece, mas sim como acontece, que determina
se o que aconteceu vai ter alguma importância ou não. Afinal, sabemos
perfeitamente que não podemos ter tudo, nem tudo vai acontecer como queremos e
nem todos os sonhos são realizáveis. Entretanto, o fato de sabermos tudo que
sabemos, ou que achamos saber, não torna as desilusões mais ou menos fáceis.
Afinal, tudo poderia ter acontecido de uma forma diferente, mesmo que o
inevitável fim fosse o mesmo.
Muitas pessoas entram e saem de nossas vidas há todo o
momento. Muitas delas nem se quer notamos. Você lembra daquela senhora que veio
tirar férias da mulher que servia cafezinho? Qual era mesmo o nome dela? E
aquele professor de inglês que substitui o nosso por uns dias? A questão não é
quem entra e quem saia, mas como entram e como saem. Às vezes alguém vem, passa
tão pouco tempo e causa um efeito muito maior do que quem estava lá desde
muito. O que não quer dizer que o efeito seja bom, mas também não é certo que
seja ruim.
A despedida pode ser algo simples, em que um “até logo” vá
com deus” são suficientes, mas também pode ser um abraço apertado em meio a
lágrimas e soluços. Tudo depende de quem está partindo. No último dia de aula
do último ano, você recebe vários abraços, as vezes nem recebe abraços, apenas
um aperto de mão. Alguns são frios e sem calor, outros mais calorosos. No
entanto, sempre vai ter um abraço de alguém que não quer se despedir, alguém
que não quer partir. Um abraço forte, com um nó na garganta e nenhuma palavra.
Apenas um último gesto de quem vai sentir muita falta.
Ouvir um “não” é uma daquelas coisas que queremos evitar,
mas que nos persegue por toda a vida. Contudo, não é o “não” que incomoda, é o
como ele chega até nós. Alguns “nãos” são facilmente esquecidos. Tipo, aquela
garota que você chama pra dançar e ela diz: Não. No fim da festa você nem
lembra mais o rosto dela. Mas, tem aquele “não” que vem como uma faca cega e te
rasga por dentro. Esses são foda. É aquele “não” que vem com uma coisa a mais. Um
“claro que não”, “de jeito nenhum”, “em hipótese alguma”. É totalmente
diferente de um “infelizmente não vai dar”. Você sabe que o resultado é o
mesmo, porém consegue se sentir um pouco melhor, sabendo que o outro teve o
cuidado de ser gentil. O que tem sido cada vez mais raro, diga-se de passagem.
Embora o “não” tenha seu lugar de destaque em qualquer
pesadelo, muito pior que o “não” é nenhuma resposta, ou pior ainda, é nem se
quer ter a chance da pergunta. É ver alguém chegar, fazer uma bagunça na sua
cabeça e, de repente, desaparecer como um ninja que lança fumaça. Simples
assim. Sem motivo, sem explicação, sem justificativa. No fundo, por mais
masoquista que isso seja, você tenta acreditar que o problema está em você e se
agarra a uma ilusória ideia de que pode ter sido um engano, que ainda pode ser
uma boa pessoa, só está sem jeito de dizer “não”.
Acontece que ser boa pessoa implica em saber chegar e saber
sair. Ser boa pessoa, quer dizer que você pode ser honesto, mesmo na hora de
dizer um “não”. Significa que você pode fechar uma porta, mas também pode
deixar uma janela aberta para outras possibilidades. Ser boa pessoa, significa
que você se importa com quem te quer bem e, mesmo que você não possa ser o que
ela deseja, não quer dizer que você tenha que ignorá-la.
Não há segredos quando se trata de se relacionar com as
pessoas. Você só precisa lembrar de como gostaria de ser tratado e fazer
exatamente igual.