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Meu protesto

Acordei com esse clima de protesto, reivindicação, greve. Quero protestar, ecoar a minha voz, dizer o que penso, o que desejo, o que eu espero. Quero brigar pelos meus direitos. Direito de ver um mundo melhor, mais humano e mais criativo que isso.

Em primeiro lugar, quero protestar contra todas as pessoas que não têm sentimentos. Todo mundo de pedra, frio, calculista. Todo mortal que idolatra tudo que inanimado, mas que vira as costas pra o que é vivo e tem calor e sente frio.
Quero protestar também contra essa gente medíocre, sem graça. Gente que não gosta de música, não admira arte, não lê, não assiste, não come, não bebe, não dança, não chora. Gente de palha, de lata.
Protesto contra o povo egocêntrico, que vê no espelho sua obra prima, mas não vê nada ao seu redor. Esse povo que não consegue ver mais que seu próprio umbigo. Que tem sempre razão, é sempre vítima e tem todos os direitos, menos o dever de ser gente.

Quero reivindicar o meu direito de ver pessoas sorrindo, chorando de emoção. Apaixonadas, amando-se mutualmente. Gente fazendo carta, escrevendo poesia. Gente se casando por motivos sinceros. Gente dizendo que o amor vale a pena, que tudo na vida passa e que as frustrações existem, mas não mata.
Quero ver gente simples, honesta e sincera. Pessoas trabalhando por prazer, estudando por vontade de ter conhecimento. Pessoas que sentem alegria em viver. Que querem tanto a segunda quanto a sexta e que não vêm o trabalho como um sacrifício, um peso, uma cruz. E sabem que escola não mata e que muitas vezes é lá que encontramos os melhores amigos, o grande amor ou vivemos as melhores experiências.

Tenho o direito de ser feliz e ver gente feliz. Não abro mão desses direitos e por isso quero fazer grave. É grave essa situação. Andam perdendo a coragem, ninguém quer chorar e por isso evitam sorrir. A cidade está um caos. As pessoas têm buscado uma falsa felicidade. Os bares estão cheios de corações vazios, quebrados e medrosos. Me disseram pra ter cuidado, não gostar de ninguém. Quem se apaixona se fode, se ferra, se dar mal. MAL? Que mal?

O único mal e não sentir nada. Ser vazio, frio, inerte. Mal e fingir que não sente. É fugir do que sente. É querer ser estátua de pedra. Mal, é não abraçar o amigo, não dizer eu te amo a família. É não viver nenhum momento bom por medo dos momentos ruins. Mal, é passar batido, é virar as costas, deixar pra lá, deixar passar.
Mal, é perder um fim de semana, porque um fim de semana não basta. Uma semana é pouco, um mês não enche barriga. Um ano não é suficiente. E por isso não se vive nem um segundo. E nenhum segundo tem pra ser feliz. E vive-se infeliz pra sempre.


EU PROTESTO!!!